quinta-feira, 11 de junho de 2015

Valentine's Day


Foto Google


Como tudo que faço tem que ter História, uma breve explicação, para quem ainda não sabe, sobre a origem do Dia dos Namorados...Aqui no Brasil,  comemora-se  no dia 12 de Junho, na véspera do Dia de Santo Antonio - o Frei Português Fernando de Bulhões, que em sua missas e casamentos, sempre destacava com muito louvor, a importância do amor, e do casamento, foi estabelecido então, o Dia dos Namorados. Nos Estados Unidos, o dia é comemorado no dia 14 de Fevereiro, Dia de  São Valentin, remonta no Império Romano. O Bispo Valentin, foi proibido pelo Imperador Romano Claudius II, de realizar casamentos, e como o desobedeceu, continuando a realizar casamentos, foi preso e condenado à morte, sendo decapitado em 12 de Junho de 270 a. C .

Histórias e origens à parte, hoje, enquanto andava pelas ruas do centro da cidade, notei que às vésperas do Dia dos Namorados, a não ser por alguns enfeites nas lojas, pouco se lembrava a data em questão, ainda mais se comparada a anos atrás!

Impossível não me recordar daqueles anos em que se sentia o cheiro de romance no ar, nas vésperas e no próprio Dia dos Namorados.

Na minha adolescência, estudei sempre de manhã, com o fim das aulas sempre beirando o meio dia, ficava encantada com a quantidade de buquês de flores que eu via nas mãos dos garotos apaixonados,à espera de suas namoradas! As floriculturas, as lojas de perfumes, chocolates, eram as mais procuradas. Aquele famoso brilho no olhar estava presente nos olhares enamorados, corações feitos de caneta, enchiam os cadernos das meninas, que sonhavam com o futuro namorado, na espera do primeiro beijo.

Era tradição aqui na minha cidade, comemorar o Dia dos Namorados no Baile dos Namorados, com o " Roupa Nova ", baile com show promovidos por um clube aqui da cidade. E que tristeza era essa data para mim! Desde muito nova eu já era apaixonada pelo Roupa Nova, amava aquelas músicas lindas mas meus pais não me deixavam ir aos bailes! Era muito nova, reconheço, e até chorava nesse dia, porque era mais um show do Roupa Nova que eu não poderia ir...os anos passaram, e quando eu fiz 18 anos, pude finalmente, ir no Baile dos Namorados! Sem namorado! Rsrsrs...nunca consegui ter um namoradinho que durasse o tempo suficiente para ir ao baile, rsrsrs...por muitos anos, em todos anos de carreira, o Roupa Nova fez esses famosos bailes, e eu estava lá em todos desde a maioridade!

Hoje, percebo que as pessoas perderam aquele romantismo. Perderam a doçura de dar aquele beijo tão esperado! Perderam a criatividade de confeccionar, escrever uma cartinha  de amor; um cartão lindamente decorado.

As músicas eram verdadeiras trilhas sonoras para os corações que eram repletos de amor! Ainda se dançava de rosto colado, dois leves passinhos para cá, dois leves passinhos para lá... éramos embalados pelas belas baladas dos anos 80, época de ouro da música nacional e internacional, saudosista que sou, trago comigo todas aquelas canções que foram tão especiais para mim, embalaram o primeiro beijo, o amor inocente do primeiro namorado, todo amor puro e inocente que trazíamos dentro dos nossos corações...

Os anos se passaram, todas as minhas amigas e meus amigos contemporâneos já  tem suas famílias, seus filhos e até netos! Somos todos "quarentões " saudosos daquela nossa linda época, saudosos daquele romantismo, da inocência que ainda trazíamos em nossos corações. Uma delicadeza, um cavalheirismo, que não existem mais. Foram substituídos pela urgência, deixaram de lado o amor, o romance, a beleza.

Meu coração está em pedaços. Há cinco meses venho tentando reconstruí-lo após uma dolorosa separação. Quem me conhece sabe o quanto foi, e está sendo difícil para mim essa vida nova, em que estou recomeçando a viver novamente, é um recomeço todos os dias, estou reaprendendo a viver sozinha, e sonhar novamente,  a manter acesa a chama que nunca pode se apagar: a chama da esperança no amor, na beleza de um olhar apaixonado, na pureza de um sentimento. Quero não deixar de acreditar em tudo isso, Quero acreditar que sim, o amor existe, e que a felicidade a dois é possível, tão possível como ter alguém que me entenda, e que compartilhe comigo dos meus sonhos, afinal, a perfeição não existe, e somos todos viajantes caminhando por essa estrada que é a vida...quero voltar a acreditar no outro, quero perder o medo do sofrer, eu só quero ser feliz novamente....

Desejo a todos um dia feliz! Repleto de muito amor, muita alegria, e muita esperança! Esperança na vida, e em tudo de tão bonito que eu acabei de escrever aqui...

"Mas é que aqui dentro tem tanta coisa linda, tanto amor, tanta poesia que transbordo em cores, em flores. Sou moça de peito aberto, ofereço sem querer nada em troca, mas recebo de bom grado tudo o que puder me fazer crescer, florescer, AMORecer."
Tati Zanella

terça-feira, 2 de junho de 2015

Recordar é viver....



Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto - MG - Toda talhada e esculpida por Aleijadinho


 Que eu sou uma saudosista nata, não é novidade. Que vivo em um mundo de nostalgia, também não. É com pesar que vejo o tempo se esvaindo pelos meus dedos, sem que eu possa detê-lo. Sempre fui fascinada pelo tempo, e por tudo que ele trás consigo, a passagem dos anos, e esse poder mágico e tão espetacular de ser a única testemunha da História!
E é assim que eu começo esse post de hoje, post este que já está na minha cabeça a um bom tempo, guardado nesse meu baú de lembranças, fervilhando, sendo construído até estar pronto para ser colocado aqui...Já faz muito tempo, eu era uma menininha de cinco para seis anos de idade. Por motivos de trabalho de Papai, fomos morar em Conselheiro Lafaiete - Minas Gerais, cidade onde mora toda a minha família paterna, e que é vizinha à Congonhas do Campo. E foi nessa idade que tive a grande honra de ser apresentada ao Mestre Aleijadinho. 
Base da Escultura do Profeta Ezechiel, um dos Doze Profetas de Aleijadinho
Fomos à Congonhas do Campo, em uma tarde de domingo, em um passeio em família, e lá, vi pela primeira vez, as grandes esculturas feitas em Pedra Sabão, pelo Aleijadinho...na minha ingenuidade infantil, primeiro quis saber o que era " aleijadinho ", depois que minha curiosidade foi satisfeita, queria saber como era possível um homem aleijado esculpir tamanhas esculturas! Muitas foram nossas idas à Congonhas do Campo durante os 05 anos que moramos lá. aos 10 eu já era apaixonada por tanta beleza, e já sabia toda a história de vida daquele que foi o maior expoente do Barroco Brasileiro.
Adro dos Profetas - Igreja de Bom Jesus de Matosinhos - Em Congonhas do Campo MG
Meu saudoso amigo Serjão & Eu
Quando eu estava com 10 anos, Papai foi transferido novamente para minha cidade, e foi com imensa alegria que voltamos para Barra Mansa. Mas eu nunca mais me esqueci de Congonhas do Campo, e do grande Mestre Aleijadinho. Os anos foram passando e sempre alguma coisa me levava novamente à Congonhas, e eu via aquilo tudo como se fosse a primeira vez...

 Aleijadinho é considerado o mais importante artista brasileiro do período colonial. Entretanto, alguns pontos de sua vida são ainda obscuros, a começar por sua data de nascimento. A data de 29 de agosto de 1730, encontrada em uma certidão de óbito de Aleijadinho, conservada no arquivo da Paróquia de Antônio Dias de Ouro Preto. Baseado neste segundo documento, o artista teria falecido em 18 de novembro de 1814, com setenta e seis anos, e seu nascimento dataria, portanto, de 1738. Antônio Francisco Lisboa nasceu bastardo e escravo, uma vez que era "filho natural" do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma de suas escravas africanas. A mesma incerteza caracteriza o capítulo de sua formação. Provavelmente ele não teria freqüentado outra escola que a das primeira letras, e talvez algumas aulas de latim. Sua formação artística, ao que tudo indica, teve como prováveis mestres, primeiramente, o próprio pai, arquiteto de grande projeção na época, e o pintor e desenhista João Gomes Batista, que exercia as funções de abridor de cunhos da Casa de Fundição da então Vila Rica.



Ao fundo Igreja de Bom Jesus de Matosinhos - e um dos Doze Profetas de Aleijadinho.


Um dos Doze Profetas de Aleijadinho - no Adro dos Profetas em frente à Igreja de Bom Jesus de Matosinhos
A primeira menção histórica relativa à carreira artística de Antônio Francisco Lisboa data de 1766, quando o artista recebe a importante encomenda do projeto da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto.
Adro dos Profetas - Esculturas dos Doze Profetas de Aleijadinho em frente à Igreja de Bom Jesus de Matosinhos
O ano de 1777 seria o ano que dividiria sua vida. Um ano de doenças, crucial. Até ali, suas obras refletia jovialidade, até uma certa alegria. Depois, e principalmente no final, a obra do artista é triste, amargurada e sofrida.
"Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que precisa ser conduzido a qualquer parte e atarem-se-lhe os ferros para poder obrar" (informação do vereador de Mariana, Joaquim José da Silva, citado por Rodrigo Ferreira Brêtas).
"A lepra nervosa é a única afecção capaz de explicar a mutilação (perda dos dedos dos pés e alguns das mãos), a deformidade (atrofia e curvamento das mãos) e a desfiguração facial, as quais lhe valeram a alcunha de Aleijadinho.
"A lepra nervosa (tipo tuberculóide da moderna classificação) é uma forma clínica não contagiosa, em que as manifestações cutâneas podem ser discretas ou mesmo ausentes. É relativamente benigna, poupa os órgãos internos e tem evolução crônica. Compreende-se assim, que Antônio Francisco Lisboa tenha vivido quase 40 anos após haver-se manifestado a doença que não o impediu de completar sua volumosa obra artística".


Um dos Doze Profetas de Aleijadinho no Adro dos Profetas
Em 1796, no apogeu de uma vitoriosa carreira artística, e considerado pelo próprios contemporâneos como superior a todos outros artistas de seu tempo, Aleijadinho inicia em Congonhas o mais importante ciclo de sua arte. Em menos de dez anos cria 66 figuras esculpidas em cedro, compondo os passos da paixão de Cristo e em pedra-sabão, esculpe os 12 profetas, deixando em Congonhas o maior conjunto estatutário barroco do mundo. As obras de Aleijadinho, estão nas cidades mineiras de : Congonhas do Campo, Ouro Preto, Mariana, Sabará, Tiradentes e Ouro Preto.

Costumo dizer que, estar de frente à uma obra de Aleijadinho, é, ganhar para todo o sempre um belo e sublime presente. Suas obras tem uma força descomunal, e ao mesmo tempo, suas feições conseguem transmitir aos olhos de quem as vê, nossa alma nela refletida. Como pode uma escultura de pedra, ou as de madeira conseguirem transmitir tanta vida?
Ali vejo todas as mazelas humanas, todos os sentimentos pelos quais vivemos por todas as nossas vidas. As dores humanas, e as dores de alma. O conhecimento de séculos e uma verdade que se julga inexistente. Os olhares de Aleijadinho expressados em todas as suas esculturas são fortes, dolorosos, e ao mesmo tempo, são frágeis, límpidos e acreditem: " Vivos "!

Aos mais sonhadores, como eu,  digo: Os olhos das belas esculturas do Mestre Aleijadinho " brilham "!!!

Um dos Doze Profetas de Aleijadinho



Aleijadinho é atemporal. É único . É forte. É vivo. É para sempre!
Estar ali, no auto da uma das lindas montanhas das Minas gerais, no Adro dos Profetas, em meio
 daquelas imensas esculturas é uma lembrança que fica guardada na alma de quem tem a oportunidade de ir até lá e conhecer o Mestre Aleijadinho, que continua vivo através de seu legado mesmo depois de três séculos.
Um dos Doze Profetas de Aleijadinho
Aquela garotinha que aos quase seis anos de idade conheceu o Mestre Aleijadinho, ainda mora em mim, e eu a levo comigo a cada vez que a vida tão bondosa, me concede o presente de mais uma vez ir até Congonhas do Campo! Um lugar que todo brasileiro teria que ter a oportunidade de conhecer, a arte de um escravo, a arte de um povo sofrido, a arte que marcou uma época e o nosso país!

Post especialmente dedicado ao amigo de História Carlos Eduardo - Kadu -



Notas:
- Todas as fotos desse post, são de meu acervo pessoal.
- Fonte de Pesquisa ; " Escritório de Arte "

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *