sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sonhos...




-Vale Sagrado dos Incas " Machu Picchu "
Foto Google


Noite fria de outono, um céu de um azul escuro, quase preto, com algumas pontinhas que brilham como se fossem vagalumes, e que seguem comigo por esse caminho que trilho às escuras mas que de certa forma eu conheço tão bem. Bateu vontade de sentir esse cheiro do mato, fresco, molhado pelo sereno da noite que banha a relva a ponto de molhar os meus pés, que à essa altura se sentem cansados dessa longa caminhada.
Venho aqui hoje em busca de descanso, de paz, não apenas pelo corpo cansado, mas em especial pela minha alma, outrora tão límpida , tão pura, quando eu ainda trazia comigo a pureza e a ingenuidade de uma criança, já faz tanto tempo, que a contagem dos dias se tornam desnecessárias, deixo que as marcas deixadas contem, elas sabem bem mais do que eu.

Daqui avisto o vale lá em baixo. Pequenos pontos marcam a existência de vida naquele lugar que vendo daqui, me parece tão longe. É como olhar o infinito, e ali imaginar um mundo novo, a renascer da escuridão, e de tudo aquilo que existe de bom  nesse mundo.

Esse vento frio parece cantar enquanto passa por mim, uma melodia suave, e única. Em uma prece silenciosa, peço a ele que leve toda essa tristeza que sinto e que teima em me atormentar, embora...Meus sonhos mortos teimam em reviver. Sinto que querem renascer das cinzas como se 
uma Fênix fossem,  tangem meus sentimentos mais íntimos, exultando-os para que se rebelem aqui dentro do meu coração, trazendo de volta toda aquela melancolia, velha conhecida, que sempre pacientemente, permanece querendo me roubar a paz que tanto luto para conseguir. O silêncio vem compartilhar comigo as lembranças que trago, hora felizes como o cheiro da infância, seus gostos, suas marcas deixadas através dos tempos que são como histórias contadas em uma roda de crianças...Ouço risadas ao longe trazidas pelo vento. Vejo imagens amareladas pelo tempo como se um filme fossem, passando diante dos meus olhos. Gosto doce, como aqueles bolos lindos que a minha saudosa tia Neide fazia nos meus aniversários.

Impossível não trazer à tona o afago quente daqueles abraços que tanto me fazem falta. Sentindo esse vento frio, me transporto naquele abraço quente, macio,  que eu tanto sonhava em sentir ao menos mais uma vez...

Fecho os olhos e sinto o milagre da vida se mexer sob minhas mãos. Aquele milagre que eu não gerei, mas que sempre foi um sonho que eu tento ainda extinguir aqui dentro de mim. 

Sinto saudade de mim.

Sinto saudade daquilo que eu não conheço, e daquilo que eu não vivi. Desejos que eu julgava extintos, renascem a cada instante, como agora, em que fecho os olhos e sonho com a felicidade.

Sinto saudade de tudo aquilo que vivi, e até que ainda sonho em viver. Saudade da vida, das cores, do meu rosto que já foi um dia tão alegre e feliz! Saudade daquele tempo em que a alegria estava ao alcance das minhas mãos!

Saudade do folhear de um livro, porque faz tanto tempo que eu deixei de viver nas histórias que eu me esqueci dos finais felizes...

Saudade daquela garota e mulher sonhadora que eu tento  trazer de volta a cada vez que venho aqui !

Já é tarde e a noite se torna ainda mais bela. Faz mais frio, e eu começo a fazer o caminho de volta para casa. Trago comigo a certeza de que tenho feito a coisa certa ao tentar ser feliz e ainda continuar a acreditar na beleza e na delicadeza da vida, mantendo a esperança junto ao meu caminhar, trazendo sempre um sorriso nos olhos, e muito amor no meu coração!!!


..." No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar:
Um estribilho antigo
Um carinho no momento preciso
O folhear de um livro de poemas
O cheiro que tinha um dia o próprio vento " ...

- Mário Quintana -

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