quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

FAZ DE CONTA

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Ando descrente do ser humano. Cansada de tantas coisas que acontecem e ficam por isso mesmo, estou cansada de políticos mentirosos, de vizinho sem educação, e da falta de respeito com o próximo, estou cansada de gente grossa que vive falando da vida dos outros, apontando seus dedos como se fossem verdadeiras metralhadoras, gente que perde o melhor da vida com futilidades, deixando de viver e fazer o que de fato vale a pena nessa vida, tão efêmera e tão breve.

Como já diz aquele famoso samba " Sonhar não custa nada ", e sim, o meu sonho é tão real! Gostaria de ter um livro mágico e dele tirar todas as histórias com finais felizes...um país sem corrupção, e sim, " lindo por natureza ", ensino de qualidade para nossas crianças, pessoas tão felizes consigo mesmos que falar da vida alheia para que, se tem uma vida boa e linda, cheia de possibilidades para viver?! Lindas histórias de amor, onde casais não se separassem, e que o amor seria sim a força motriz mais poderosa desse mundo!
Do meu livro eu tiraria e daria ao mundo as mais belas poesias escritas com a alma dos poetas, belas canções daquelas que nos fazem sentir vontade de sair voando ao ouví-las! De lá também, já eternizado, eu tiraria o barulho do mar, aquele vai e vem das ondas que me embalam e me fazem sonhar! Nele estariam também, o nascer e o por do sol, obras de arte feita pelo maior de todos os artistas, " Deus ".Guardaria como lembrança, o som das gotas de chuva que caem lá fora, e que embalarão essa noite e seguem molhando a terra dos homens, acabando com a seca, dando vida às plantas e às criações.

Gostaria de poder reviver momentos felizes de outrora, dar mais risadas, ser um pouco mais leve...tiraria também uma segunda chance para abraçar mais, aproveitar as presenças daqueles que tanto amo e que já não estão mais aqui, dizer mais uma vez o quanto os amo e o quanto suas lembranças são essenciais na minha vida.
São tantos os sentimentos que trago aqui dentro, que tornam meu livro de " faz de conta " quase real, e não apenas utopia, realidades que fariam de nossas vidas , vidas com mais amor, alegria, e esperanças!

" As vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido ".
- Fernando Pessoa -

quarta-feira, 1 de julho de 2015

A VIDA E O TEMPO


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Não sou uma pessoa imediatista. Preciso de um tempo para digerir as coisas que vão acontecendo na
minha vida,sejam elas boas ou más. Preciso me acostumar, preciso me adaptar, preciso aprender a viver com aquela nova realidade. Infelizmente, o tempo não nos dá muito tempo para isso, ele vem célere, e junto com  a vida segue levando tudo que temos. Juntos abreviam as horas, levam com eles nossos aúreos anos! Levam muitas vezes as oportunidades que temos de dizer a quem amamos o quanto são importantes para nós. Deixamos de dar um beijo, um abraço. Deixamos de compartilhar um silêncio que seja, ou uma risada gostosa, deixamos de travar uma conversa amiga e despreocupada, tudo isso na maioria das vezes por falta de tempo, ou por motivos tão pequenos que envergonham levando-se em consideração o que realmente vale a pena nessa vida.

Tem quase um mês que estou me readaptando. Tem quase um mês que ensaio todos os dias palavras para escrever aqui que possam demonstrar o que eu sinto. Não quero demonstrar dor ou sofrimento, nem quero deixar que a tristeza apareça por aqui. Ela não gostaria que eu fizesse isso...

Há quase três meses eu a vi pela última vez. Era seu aniversário, ela completava 85 anos! Que bela idade, que grande motivo para se comemorar a vida! Reunimos a família aqui, e naquela manhã de sábado de abril pegamos a estrada indo para Jacareí, para comemorarmos com minha Tia Elza, irmã mais velha de Mamãe, seus 85 anos. chegamos lá beirando às 11:00 hs da manhã, e ela já estava aflita no portão, quando descemos dos carros veio ao nosso encontro reclamando que demoramos demais! Ela tinha pressa, e isso não combinava com ela...a casa já cheirava aquele aroma gostoso e inconfundível do seu tempero. A atmosfera era de festa e ela estava feliz demais por estarmos ali. Seus filhos foram chegando aos poucos...uns vindo do trabalho, outros indo. Outros passando ali mas apenas para nos abraçar. Minha tia teve 09 filhos ao todo, uma família já numerosa que foi aumentando conforme os primos e primas iam se casando e foram nascendo seus filhos, netos de minha tia.

Foi um dia de festa. Almoçamos, rimos, relembramos velhas histórias, ela contou muitas outras. Tiramos muitas fotos, ela gostava de rir só de nos ver rir, dizia que nossas risadas eram muito gostosas...e as dela eram deliciosas! Ela estava muito lúcida, mesmo aos 85 anos. Tinha uma sabedoria que encantava, eu adorava ficar bem pertinho dela só para ouvir a sua voz. Em sua fé inabalável, Tia Elza era um exemplo de fé em Deus e na humanidade. Criou 09 filhos ensinando que vale a pena ser bom e viver com honestidade. Nunca vi minha tia reclamar da vida, ao contrário, ela sempre dizia que só tinha a agradecer. Trazia sempre um sorriso nos lábios, e os olhos tão límpidos, refletiam a sua alma.  

Naquele dia que sem sabermos, era a nossa despedida, ela conversou com todos nós, e quando chegou na minha vez, quis saber como eu estava em relação à minha separação, disse que tudo estava certo assim, como estava e que eu tinha que por para fora tudo de lindo que eu trazia aqui dentro. Elogiou minhas pinturas, disse que eu nunca pintei tão bem quanto nessa fase da minha vida, e disse para eu escrever mais, pois ela achou muito linda a homenagem que eu escrevi para o meu pai na passagem do aniversário dele, uma de minhas primas mostrou à ela, e ela me disse emocionada que nunca tinha visto algo tão lindo. Me deu parabéns e pediu para eu continuar escrevendo. O dia voou, e por termos um compromisso no dia seguinte, voltamos para casa naquele mesmo dia. Na hora das despedidas, pouco antes de entrar no carro, olhei para trás e estavam todos no portão, ela estava paradinha, como se quisesse registrar aquele momento para sempre...Voltei correndo até ela e disse: "Tia, voltei para aproveitar e te abraçar mais uma vez"...nos abraçamos apertado, e quando nos olhamos pela última vez estávamos chorando. Voltei para casa em silêncio, me faltavam palavras...

A quase um mês atrás, que se completarão no dia 03, nas primeiras horas dos dia, recebemos a notícia de que Tia Elza tinha nos deixado. Assim como um anjo ela bateu suas asas e em um estalo de dedos, já não estava mais conosco. A dor foi imensa. Jacareí nunca nos pareceu tão longe como naquela manhã de 03 de Junho...fazia frio, estava nublado, assim como nós, um dia sem cor, e parece que todos choravam a partida da minha amada Tia. As despedidas foram dignas de Tia Elza. Simples, porém intensas e muito verdadeiras. E apesar da dor eu nunca vi uma despedida tão linda como a dela. 

Minha Tia é um exemplo para todos nós. Minha mãe ainda está abatida e sofre a perda da irmã que foi uma segunda mãe para ela, na verdade ela foi uma mãe para todos nós. Seus filhos apesar de dilacerados pela dor, estavam e estão conformados com a perda, essa foi a educação que ela deu a eles, a fé em Deus acima de tudo, na certeza de que Ele sabe de todas as coisas! Foram 85 anos de vida dedicadas ao próximo e a Deus. O amor à sua família, e a todos nós, nos traz a certeza de que sem amor a vida não tem sentido. Aos 85 anos Tia Elza era uma visionária, uma mulher que ultrapassou seu tempo. Era feliz, amava a todos e por todos era muito amada...ainda não me acostumei à nova realidade, mas pensando nela esses dias achei que ela gostaria que eu escrevesse sobre ela. Todas as palavras do mundo não seriam suficientes para descrever o quanto amei e amo Tia Elza, mas coloquei aqui todos os sentimentos, todas as alegrias que vivi ao lado dela, o seu carinho e a lembrança do seu sorriso que eu levarei comigo para sempre!

Tenho pedido muito a Deus que não me deixe levar por esse corre-corre da vida. Quero estar sempre atenta, para dizer sempre quem eu amo que os amo, e o quanto os amo...quero dar todos os beijos possíveis e todos os abraços que eu sentir vontade de dar e que nunca dei por vergonha...quero ouvir vozes, conselhos, e mais e mais histórias, quero compartilhar minhas dores e dúvidas, e minhas vitórias e alegrias também! Quero escrever mais, quero contar mais, quero dar mais de mim a quem precisa, certa do quanto de todos eu preciso. Quero reviver o passado de outrora e fazer dele o meu presente, quero dar amor e deixar amor por onde eu passar...

" Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma. "
- Cora Coralina -

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Valentine's Day


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Como tudo que faço tem que ter História, uma breve explicação, para quem ainda não sabe, sobre a origem do Dia dos Namorados...Aqui no Brasil,  comemora-se  no dia 12 de Junho, na véspera do Dia de Santo Antonio - o Frei Português Fernando de Bulhões, que em sua missas e casamentos, sempre destacava com muito louvor, a importância do amor, e do casamento, foi estabelecido então, o Dia dos Namorados. Nos Estados Unidos, o dia é comemorado no dia 14 de Fevereiro, Dia de  São Valentin, remonta no Império Romano. O Bispo Valentin, foi proibido pelo Imperador Romano Claudius II, de realizar casamentos, e como o desobedeceu, continuando a realizar casamentos, foi preso e condenado à morte, sendo decapitado em 12 de Junho de 270 a. C .

Histórias e origens à parte, hoje, enquanto andava pelas ruas do centro da cidade, notei que às vésperas do Dia dos Namorados, a não ser por alguns enfeites nas lojas, pouco se lembrava a data em questão, ainda mais se comparada a anos atrás!

Impossível não me recordar daqueles anos em que se sentia o cheiro de romance no ar, nas vésperas e no próprio Dia dos Namorados.

Na minha adolescência, estudei sempre de manhã, com o fim das aulas sempre beirando o meio dia, ficava encantada com a quantidade de buquês de flores que eu via nas mãos dos garotos apaixonados,à espera de suas namoradas! As floriculturas, as lojas de perfumes, chocolates, eram as mais procuradas. Aquele famoso brilho no olhar estava presente nos olhares enamorados, corações feitos de caneta, enchiam os cadernos das meninas, que sonhavam com o futuro namorado, na espera do primeiro beijo.

Era tradição aqui na minha cidade, comemorar o Dia dos Namorados no Baile dos Namorados, com o " Roupa Nova ", baile com show promovidos por um clube aqui da cidade. E que tristeza era essa data para mim! Desde muito nova eu já era apaixonada pelo Roupa Nova, amava aquelas músicas lindas mas meus pais não me deixavam ir aos bailes! Era muito nova, reconheço, e até chorava nesse dia, porque era mais um show do Roupa Nova que eu não poderia ir...os anos passaram, e quando eu fiz 18 anos, pude finalmente, ir no Baile dos Namorados! Sem namorado! Rsrsrs...nunca consegui ter um namoradinho que durasse o tempo suficiente para ir ao baile, rsrsrs...por muitos anos, em todos anos de carreira, o Roupa Nova fez esses famosos bailes, e eu estava lá em todos desde a maioridade!

Hoje, percebo que as pessoas perderam aquele romantismo. Perderam a doçura de dar aquele beijo tão esperado! Perderam a criatividade de confeccionar, escrever uma cartinha  de amor; um cartão lindamente decorado.

As músicas eram verdadeiras trilhas sonoras para os corações que eram repletos de amor! Ainda se dançava de rosto colado, dois leves passinhos para cá, dois leves passinhos para lá... éramos embalados pelas belas baladas dos anos 80, época de ouro da música nacional e internacional, saudosista que sou, trago comigo todas aquelas canções que foram tão especiais para mim, embalaram o primeiro beijo, o amor inocente do primeiro namorado, todo amor puro e inocente que trazíamos dentro dos nossos corações...

Os anos se passaram, todas as minhas amigas e meus amigos contemporâneos já  tem suas famílias, seus filhos e até netos! Somos todos "quarentões " saudosos daquela nossa linda época, saudosos daquele romantismo, da inocência que ainda trazíamos em nossos corações. Uma delicadeza, um cavalheirismo, que não existem mais. Foram substituídos pela urgência, deixaram de lado o amor, o romance, a beleza.

Meu coração está em pedaços. Há cinco meses venho tentando reconstruí-lo após uma dolorosa separação. Quem me conhece sabe o quanto foi, e está sendo difícil para mim essa vida nova, em que estou recomeçando a viver novamente, é um recomeço todos os dias, estou reaprendendo a viver sozinha, e sonhar novamente,  a manter acesa a chama que nunca pode se apagar: a chama da esperança no amor, na beleza de um olhar apaixonado, na pureza de um sentimento. Quero não deixar de acreditar em tudo isso, Quero acreditar que sim, o amor existe, e que a felicidade a dois é possível, tão possível como ter alguém que me entenda, e que compartilhe comigo dos meus sonhos, afinal, a perfeição não existe, e somos todos viajantes caminhando por essa estrada que é a vida...quero voltar a acreditar no outro, quero perder o medo do sofrer, eu só quero ser feliz novamente....

Desejo a todos um dia feliz! Repleto de muito amor, muita alegria, e muita esperança! Esperança na vida, e em tudo de tão bonito que eu acabei de escrever aqui...

"Mas é que aqui dentro tem tanta coisa linda, tanto amor, tanta poesia que transbordo em cores, em flores. Sou moça de peito aberto, ofereço sem querer nada em troca, mas recebo de bom grado tudo o que puder me fazer crescer, florescer, AMORecer."
Tati Zanella

terça-feira, 2 de junho de 2015

Recordar é viver....



Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto - MG - Toda talhada e esculpida por Aleijadinho


 Que eu sou uma saudosista nata, não é novidade. Que vivo em um mundo de nostalgia, também não. É com pesar que vejo o tempo se esvaindo pelos meus dedos, sem que eu possa detê-lo. Sempre fui fascinada pelo tempo, e por tudo que ele trás consigo, a passagem dos anos, e esse poder mágico e tão espetacular de ser a única testemunha da História!
E é assim que eu começo esse post de hoje, post este que já está na minha cabeça a um bom tempo, guardado nesse meu baú de lembranças, fervilhando, sendo construído até estar pronto para ser colocado aqui...Já faz muito tempo, eu era uma menininha de cinco para seis anos de idade. Por motivos de trabalho de Papai, fomos morar em Conselheiro Lafaiete - Minas Gerais, cidade onde mora toda a minha família paterna, e que é vizinha à Congonhas do Campo. E foi nessa idade que tive a grande honra de ser apresentada ao Mestre Aleijadinho. 
Base da Escultura do Profeta Ezechiel, um dos Doze Profetas de Aleijadinho
Fomos à Congonhas do Campo, em uma tarde de domingo, em um passeio em família, e lá, vi pela primeira vez, as grandes esculturas feitas em Pedra Sabão, pelo Aleijadinho...na minha ingenuidade infantil, primeiro quis saber o que era " aleijadinho ", depois que minha curiosidade foi satisfeita, queria saber como era possível um homem aleijado esculpir tamanhas esculturas! Muitas foram nossas idas à Congonhas do Campo durante os 05 anos que moramos lá. aos 10 eu já era apaixonada por tanta beleza, e já sabia toda a história de vida daquele que foi o maior expoente do Barroco Brasileiro.
Adro dos Profetas - Igreja de Bom Jesus de Matosinhos - Em Congonhas do Campo MG
Meu saudoso amigo Serjão & Eu
Quando eu estava com 10 anos, Papai foi transferido novamente para minha cidade, e foi com imensa alegria que voltamos para Barra Mansa. Mas eu nunca mais me esqueci de Congonhas do Campo, e do grande Mestre Aleijadinho. Os anos foram passando e sempre alguma coisa me levava novamente à Congonhas, e eu via aquilo tudo como se fosse a primeira vez...

 Aleijadinho é considerado o mais importante artista brasileiro do período colonial. Entretanto, alguns pontos de sua vida são ainda obscuros, a começar por sua data de nascimento. A data de 29 de agosto de 1730, encontrada em uma certidão de óbito de Aleijadinho, conservada no arquivo da Paróquia de Antônio Dias de Ouro Preto. Baseado neste segundo documento, o artista teria falecido em 18 de novembro de 1814, com setenta e seis anos, e seu nascimento dataria, portanto, de 1738. Antônio Francisco Lisboa nasceu bastardo e escravo, uma vez que era "filho natural" do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma de suas escravas africanas. A mesma incerteza caracteriza o capítulo de sua formação. Provavelmente ele não teria freqüentado outra escola que a das primeira letras, e talvez algumas aulas de latim. Sua formação artística, ao que tudo indica, teve como prováveis mestres, primeiramente, o próprio pai, arquiteto de grande projeção na época, e o pintor e desenhista João Gomes Batista, que exercia as funções de abridor de cunhos da Casa de Fundição da então Vila Rica.



Ao fundo Igreja de Bom Jesus de Matosinhos - e um dos Doze Profetas de Aleijadinho.


Um dos Doze Profetas de Aleijadinho - no Adro dos Profetas em frente à Igreja de Bom Jesus de Matosinhos
A primeira menção histórica relativa à carreira artística de Antônio Francisco Lisboa data de 1766, quando o artista recebe a importante encomenda do projeto da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto.
Adro dos Profetas - Esculturas dos Doze Profetas de Aleijadinho em frente à Igreja de Bom Jesus de Matosinhos
O ano de 1777 seria o ano que dividiria sua vida. Um ano de doenças, crucial. Até ali, suas obras refletia jovialidade, até uma certa alegria. Depois, e principalmente no final, a obra do artista é triste, amargurada e sofrida.
"Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que precisa ser conduzido a qualquer parte e atarem-se-lhe os ferros para poder obrar" (informação do vereador de Mariana, Joaquim José da Silva, citado por Rodrigo Ferreira Brêtas).
"A lepra nervosa é a única afecção capaz de explicar a mutilação (perda dos dedos dos pés e alguns das mãos), a deformidade (atrofia e curvamento das mãos) e a desfiguração facial, as quais lhe valeram a alcunha de Aleijadinho.
"A lepra nervosa (tipo tuberculóide da moderna classificação) é uma forma clínica não contagiosa, em que as manifestações cutâneas podem ser discretas ou mesmo ausentes. É relativamente benigna, poupa os órgãos internos e tem evolução crônica. Compreende-se assim, que Antônio Francisco Lisboa tenha vivido quase 40 anos após haver-se manifestado a doença que não o impediu de completar sua volumosa obra artística".


Um dos Doze Profetas de Aleijadinho no Adro dos Profetas
Em 1796, no apogeu de uma vitoriosa carreira artística, e considerado pelo próprios contemporâneos como superior a todos outros artistas de seu tempo, Aleijadinho inicia em Congonhas o mais importante ciclo de sua arte. Em menos de dez anos cria 66 figuras esculpidas em cedro, compondo os passos da paixão de Cristo e em pedra-sabão, esculpe os 12 profetas, deixando em Congonhas o maior conjunto estatutário barroco do mundo. As obras de Aleijadinho, estão nas cidades mineiras de : Congonhas do Campo, Ouro Preto, Mariana, Sabará, Tiradentes e Ouro Preto.

Costumo dizer que, estar de frente à uma obra de Aleijadinho, é, ganhar para todo o sempre um belo e sublime presente. Suas obras tem uma força descomunal, e ao mesmo tempo, suas feições conseguem transmitir aos olhos de quem as vê, nossa alma nela refletida. Como pode uma escultura de pedra, ou as de madeira conseguirem transmitir tanta vida?
Ali vejo todas as mazelas humanas, todos os sentimentos pelos quais vivemos por todas as nossas vidas. As dores humanas, e as dores de alma. O conhecimento de séculos e uma verdade que se julga inexistente. Os olhares de Aleijadinho expressados em todas as suas esculturas são fortes, dolorosos, e ao mesmo tempo, são frágeis, límpidos e acreditem: " Vivos "!

Aos mais sonhadores, como eu,  digo: Os olhos das belas esculturas do Mestre Aleijadinho " brilham "!!!

Um dos Doze Profetas de Aleijadinho



Aleijadinho é atemporal. É único . É forte. É vivo. É para sempre!
Estar ali, no auto da uma das lindas montanhas das Minas gerais, no Adro dos Profetas, em meio
 daquelas imensas esculturas é uma lembrança que fica guardada na alma de quem tem a oportunidade de ir até lá e conhecer o Mestre Aleijadinho, que continua vivo através de seu legado mesmo depois de três séculos.
Um dos Doze Profetas de Aleijadinho
Aquela garotinha que aos quase seis anos de idade conheceu o Mestre Aleijadinho, ainda mora em mim, e eu a levo comigo a cada vez que a vida tão bondosa, me concede o presente de mais uma vez ir até Congonhas do Campo! Um lugar que todo brasileiro teria que ter a oportunidade de conhecer, a arte de um escravo, a arte de um povo sofrido, a arte que marcou uma época e o nosso país!

Post especialmente dedicado ao amigo de História Carlos Eduardo - Kadu -



Notas:
- Todas as fotos desse post, são de meu acervo pessoal.
- Fonte de Pesquisa ; " Escritório de Arte "

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sonhos...




-Vale Sagrado dos Incas " Machu Picchu "
Foto Google


Noite fria de outono, um céu de um azul escuro, quase preto, com algumas pontinhas que brilham como se fossem vagalumes, e que seguem comigo por esse caminho que trilho às escuras mas que de certa forma eu conheço tão bem. Bateu vontade de sentir esse cheiro do mato, fresco, molhado pelo sereno da noite que banha a relva a ponto de molhar os meus pés, que à essa altura se sentem cansados dessa longa caminhada.
Venho aqui hoje em busca de descanso, de paz, não apenas pelo corpo cansado, mas em especial pela minha alma, outrora tão límpida , tão pura, quando eu ainda trazia comigo a pureza e a ingenuidade de uma criança, já faz tanto tempo, que a contagem dos dias se tornam desnecessárias, deixo que as marcas deixadas contem, elas sabem bem mais do que eu.

Daqui avisto o vale lá em baixo. Pequenos pontos marcam a existência de vida naquele lugar que vendo daqui, me parece tão longe. É como olhar o infinito, e ali imaginar um mundo novo, a renascer da escuridão, e de tudo aquilo que existe de bom  nesse mundo.

Esse vento frio parece cantar enquanto passa por mim, uma melodia suave, e única. Em uma prece silenciosa, peço a ele que leve toda essa tristeza que sinto e que teima em me atormentar, embora...Meus sonhos mortos teimam em reviver. Sinto que querem renascer das cinzas como se 
uma Fênix fossem,  tangem meus sentimentos mais íntimos, exultando-os para que se rebelem aqui dentro do meu coração, trazendo de volta toda aquela melancolia, velha conhecida, que sempre pacientemente, permanece querendo me roubar a paz que tanto luto para conseguir. O silêncio vem compartilhar comigo as lembranças que trago, hora felizes como o cheiro da infância, seus gostos, suas marcas deixadas através dos tempos que são como histórias contadas em uma roda de crianças...Ouço risadas ao longe trazidas pelo vento. Vejo imagens amareladas pelo tempo como se um filme fossem, passando diante dos meus olhos. Gosto doce, como aqueles bolos lindos que a minha saudosa tia Neide fazia nos meus aniversários.

Impossível não trazer à tona o afago quente daqueles abraços que tanto me fazem falta. Sentindo esse vento frio, me transporto naquele abraço quente, macio,  que eu tanto sonhava em sentir ao menos mais uma vez...

Fecho os olhos e sinto o milagre da vida se mexer sob minhas mãos. Aquele milagre que eu não gerei, mas que sempre foi um sonho que eu tento ainda extinguir aqui dentro de mim. 

Sinto saudade de mim.

Sinto saudade daquilo que eu não conheço, e daquilo que eu não vivi. Desejos que eu julgava extintos, renascem a cada instante, como agora, em que fecho os olhos e sonho com a felicidade.

Sinto saudade de tudo aquilo que vivi, e até que ainda sonho em viver. Saudade da vida, das cores, do meu rosto que já foi um dia tão alegre e feliz! Saudade daquele tempo em que a alegria estava ao alcance das minhas mãos!

Saudade do folhear de um livro, porque faz tanto tempo que eu deixei de viver nas histórias que eu me esqueci dos finais felizes...

Saudade daquela garota e mulher sonhadora que eu tento  trazer de volta a cada vez que venho aqui !

Já é tarde e a noite se torna ainda mais bela. Faz mais frio, e eu começo a fazer o caminho de volta para casa. Trago comigo a certeza de que tenho feito a coisa certa ao tentar ser feliz e ainda continuar a acreditar na beleza e na delicadeza da vida, mantendo a esperança junto ao meu caminhar, trazendo sempre um sorriso nos olhos, e muito amor no meu coração!!!


..." No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar:
Um estribilho antigo
Um carinho no momento preciso
O folhear de um livro de poemas
O cheiro que tinha um dia o próprio vento " ...

- Mário Quintana -

segunda-feira, 16 de março de 2015

Simplicidade



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Semana passada, na sala de espera de um consultório médico, foleava uma revista até que me deparei com  uma pequena mensagem que me chamou atenção porque é algo que não somente eu, mas creio que todo o mundo faça: A eterna mania que temos de complicar as coisas!
Desde então, tenho pensado nisso com uma certa frequência, desejando sim que meus dias sejam menos descomplicados. Já diz aquele ditado: Muitas pessoas vivem " procurando pelo em casca de ovo", ou seja: Vendo problemas onde eles não existem! 

Na maioria das vezes as pessoas enumeram em listas enormes e imaginárias, vários ítens que as fariam mais felizes. Eu mesma já fiz isso: Quantas vezes pensei que se tivesse isso ou aquilo eu seria bem mais feliz! Claro que certas coisas aumentam aquele estado momentâneo de felicidade, mas logo passa dando lugar aquele vazio que muitas vezes dilacera a alma, doí tanto que a gente não sabe mais o que fazer para sanar aquela dor e ter paz...

Ontem, em um domingo em família, fazendo um pequeno passeio pela região rural de minha cidade, ainda tinha comigo esses pensamentos, quando tive a resposta olhando as paisagens que se descortinavam aos meus olhos...Montanhas altas, unidas umas às outras como se fossem coladas, forradas por um verde de tom único como se fossem um tapete. Vez por outra pequenos lagos apareciam e me pegavam de surpresa, refletindo a cor daquele verde que se espelhava naquelas águas. Estrada de chão, empoeirada, vez por outra, cabeças de gado guardadas por cercas de arame mudavam as cores da paisagem, juntamente com poucas casinhas caiadas de branco, tendo apenas as janelas coloridas,vistas ao longe que de tão belas e simples pareciam colocadas ali à mão. Árvores altas, com copas coloridas de vários tons tinham como fundo aquele azul que de tão perfeito inundava a alma e os olhos daqueles que tem a oportunidade de ver tamanha beleza!

No fim do dia, ao fazer uma pequena  retrospectiva dos momentos vividos, cheguei a conclusão de que sim, as coisas mais belas, mais especiais, e únicas são as mais simples! Todos os momentos vividos não tem preço, especialmente aqueles mais singelos, como um passeio, o folear de um livro, um bate papo, uma risada gostosa, aquele abraço apertado,o registro de um momento feliz em uma foto e uma infinidade de coisas que na maioria das vezes nos passa despercebido por estarmos ocupados demais procurando problemas, sempre querendo mais e mais, vivendo em uma busca sem fim por dinheiro, status, beleza física, enriquecendo as contas bancárias, mas esquecendo de enriquecer a alma.

Não quero aqui mostrar um exemplo de vida a ser seguido, longe disso. Escrevo com o ,coração, enriquecendo a alma, e guardando essas palavras entre os meus tesouros mais preciosos: Minhas idéias, meus pensamentos, concepções diante da  efemeridade dessa  vida linda e que nos é tão rara, tão breve e tão preciosa!

" O mundo fica mais bonito quando a gente carrega coisas bonitas dentro do peito."
- Clarissa Corrêa -

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

OUTRO TEMPO

Imagem: Google

Desde criança  ouvia os adultos dizerem que a morte é a única certeza que temos na vida, cresci  e infelizmente perdi pessoas que foram e são, muito importantes na minha vida. Tais perdas vieram a confirmar, o que eu já sabia: De que sim, a morte faz parte da vida.
Longe de querer escrever um texto triste, apenas constato e comparo com essa afirmação, de que nada na vida é definitivo.
Seres imperfeitos que somos, vivemos em busca da tão sonhada felicidade. Fazemos nossas escolhas já certos de que planos podem ser mudados durante o percurso, e o que se julga definitivo, toma outro caminho, segue por outra bifurcação nessa estrada que é a vida.
Sentimentos outros, tomam de assalto o coração, por vezes já machucado, cansado, e decepcionado perante a não realização daquilo que tanto sonhou e idealizou. Esse mesmo coração de repente se vê diante de um novo amanhecer,  se enche de esperanças  e de repente vem a certeza de que pode sim trilhar novos rumos, buscando curar suas feridas, e também sair na busca incansável por conhecimento, crescimento, e acima de tudo: Amadurecimento, porque não?
A gente sofre, se magoa, se entristece, mas depois da tempestade o sol brilha novamente, e a vida milagrosa, sob a regência do Grande Mestre, renasce, e grandiosa nos dá novo ânimo, força, coragem e acima de tudo: Esperanças!
Que venha então vida nova, novos tempos, certa de que somos viajantes nessa estrada,  e tudo que vivemos se transforma na grande bagagem que levamos pela vida.

" Não tenha medo da tristeza, ela não tem o poder de roubar a felicidade, ela vai do mesmo jeito que vem. 
Você fica.

- Padre Fábio de Melo - 


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