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Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto - MG - Toda talhada e esculpida por Aleijadinho
Que eu sou uma saudosista nata, não é novidade. Que vivo em um mundo de nostalgia, também não. É com pesar que vejo o tempo se esvaindo pelos meus dedos, sem que eu possa detê-lo. Sempre fui fascinada pelo tempo, e por tudo que ele trás consigo, a passagem dos anos, e esse poder mágico e tão espetacular de ser a única testemunha da História!
E é assim que eu começo esse post de hoje, post este que já está na minha cabeça a um bom tempo, guardado nesse meu baú de lembranças, fervilhando, sendo construído até estar pronto para ser colocado aqui...Já faz muito tempo, eu era uma menininha de cinco para seis anos de idade. Por motivos de trabalho de Papai, fomos morar em Conselheiro Lafaiete - Minas Gerais, cidade onde mora toda a minha família paterna, e que é vizinha à Congonhas do Campo. E foi nessa idade que tive a grande honra de ser apresentada ao Mestre Aleijadinho.
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Base da Escultura do Profeta Ezechiel, um dos Doze Profetas de Aleijadinho |
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Fomos à Congonhas do Campo, em uma tarde de domingo, em um passeio em família, e lá, vi pela primeira vez, as grandes esculturas feitas em Pedra Sabão, pelo Aleijadinho...na minha ingenuidade infantil, primeiro quis saber o que era " aleijadinho ", depois que minha curiosidade foi satisfeita, queria saber como era possível um homem aleijado esculpir tamanhas esculturas! Muitas foram nossas idas à Congonhas do Campo durante os 05 anos que moramos lá. aos 10 eu já era apaixonada por tanta beleza, e já sabia toda a história de vida daquele que foi o maior expoente do Barroco Brasileiro.
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Adro dos Profetas - Igreja de Bom Jesus de Matosinhos - Em Congonhas do Campo MG
Meu saudoso amigo Serjão & Eu |
Quando eu estava com 10 anos, Papai foi transferido novamente para minha cidade, e foi com imensa alegria que voltamos para Barra Mansa. Mas eu nunca mais me esqueci de Congonhas do Campo, e do grande Mestre Aleijadinho. Os anos foram passando e sempre alguma coisa me levava novamente à Congonhas, e eu via aquilo tudo como se fosse a primeira vez...
Aleijadinho é considerado o mais importante artista brasileiro do
período colonial. Entretanto, alguns pontos de sua vida são ainda
obscuros, a começar por sua data de nascimento. A data de 29 de agosto
de 1730, encontrada em uma certidão de óbito de Aleijadinho, conservada
no arquivo da Paróquia de Antônio Dias de Ouro Preto. Baseado neste
segundo documento, o artista teria falecido em 18 de novembro de 1814,
com setenta e seis anos, e seu nascimento dataria, portanto, de 1738.
Antônio Francisco Lisboa nasceu bastardo e escravo, uma vez que era
"filho natural" do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma
de suas escravas africanas. A mesma incerteza caracteriza o capítulo de sua formação. Provavelmente
ele não teria freqüentado outra escola que a das primeira letras, e
talvez algumas aulas de latim. Sua formação artística, ao que tudo
indica, teve como prováveis mestres, primeiramente, o próprio pai,
arquiteto de grande projeção na época, e o pintor e desenhista João
Gomes Batista, que exercia as funções de abridor de cunhos da Casa de
Fundição da então Vila Rica.
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Ao fundo Igreja de Bom Jesus de Matosinhos - e um dos Doze Profetas de Aleijadinho. | | | |
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Um dos Doze Profetas de Aleijadinho - no Adro dos Profetas em frente à Igreja de Bom Jesus de Matosinhos |
A primeira menção histórica relativa à carreira artística de Antônio
Francisco Lisboa data de 1766, quando o artista recebe a importante
encomenda do projeto da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto.
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Adro dos Profetas - Esculturas dos Doze Profetas de Aleijadinho em frente à Igreja de Bom Jesus de Matosinhos |
O ano de 1777 seria o ano que dividiria sua vida. Um ano de doenças,
crucial. Até ali, suas obras refletia jovialidade, até uma certa
alegria. Depois, e principalmente no final, a obra do artista é triste,
amargurada e sofrida.
"Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que
precisa ser conduzido a qualquer parte e atarem-se-lhe os ferros para
poder obrar" (informação do vereador de Mariana, Joaquim José da Silva,
citado por Rodrigo Ferreira Brêtas).
"A lepra nervosa é a única afecção capaz de explicar a mutilação
(perda dos dedos dos pés e alguns das mãos), a deformidade (atrofia e
curvamento das mãos) e a desfiguração facial, as quais lhe valeram a
alcunha de Aleijadinho.
"A lepra nervosa (tipo tuberculóide da moderna classificação) é uma
forma clínica não contagiosa, em que as manifestações cutâneas podem ser
discretas ou mesmo ausentes. É relativamente benigna, poupa os órgãos
internos e tem evolução crônica. Compreende-se assim, que Antônio
Francisco Lisboa tenha vivido quase 40 anos após haver-se manifestado a
doença que não o impediu de completar sua volumosa obra artística".
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Um dos Doze Profetas de Aleijadinho no Adro dos Profetas |
Em 1796, no apogeu de uma vitoriosa carreira artística, e considerado
pelo próprios contemporâneos como superior a todos outros artistas de
seu tempo, Aleijadinho inicia em Congonhas o mais importante ciclo de
sua arte. Em menos de dez anos cria 66 figuras esculpidas em cedro,
compondo os passos da paixão de Cristo e em pedra-sabão, esculpe os 12
profetas, deixando em Congonhas o maior conjunto estatutário barroco do
mundo. As obras de Aleijadinho, estão nas cidades mineiras de : Congonhas do Campo, Ouro Preto, Mariana, Sabará, Tiradentes e Ouro Preto.
Costumo dizer que, estar de frente à uma obra de Aleijadinho, é, ganhar para todo o sempre um belo e sublime presente. Suas obras tem uma força descomunal, e ao mesmo tempo, suas feições conseguem transmitir aos olhos de quem as vê, nossa alma nela refletida. Como pode uma escultura de pedra, ou as de madeira conseguirem transmitir tanta vida?
Ali vejo todas as mazelas humanas, todos os sentimentos pelos quais vivemos por todas as nossas vidas. As dores humanas, e as dores de alma. O conhecimento de séculos e uma verdade que se julga inexistente. Os olhares de Aleijadinho expressados em todas as suas esculturas são fortes, dolorosos, e ao mesmo tempo, são frágeis, límpidos e acreditem: " Vivos "!
Aos mais sonhadores, como eu, digo: Os olhos das belas esculturas do Mestre Aleijadinho " brilham "!!!
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Um dos Doze Profetas de Aleijadinho
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Aleijadinho é atemporal. É único . É forte. É vivo. É para sempre!
Estar ali, no auto da uma das lindas montanhas das Minas gerais, no Adro dos Profetas, em meio
daquelas imensas esculturas é uma lembrança que fica guardada na alma de quem tem a oportunidade de ir até lá e conhecer o Mestre Aleijadinho, que continua vivo através de seu legado mesmo depois de três séculos.
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Um dos Doze Profetas de Aleijadinho |
Aquela garotinha que aos quase seis anos de idade conheceu o Mestre Aleijadinho, ainda mora em mim, e eu a levo comigo a cada vez que a vida tão bondosa, me concede o presente de mais uma vez ir até Congonhas do Campo! Um lugar que todo brasileiro teria que ter a oportunidade de conhecer, a arte de um escravo, a arte de um povo sofrido, a arte que marcou uma época e o nosso país!
Post especialmente dedicado ao amigo de História Carlos Eduardo - Kadu -
Notas:
- Todas as fotos desse post, são de meu acervo pessoal.
- Fonte de Pesquisa ; " Escritório de Arte "